Educação infantil na Base Nacional Comum Curricular valoriza a brincadeira e interatividade como formas de aprendizado

A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de zero a cinco anos de idade. Diferente do ensino fundamental e médio, pensando no que tem sido discutido a partir do processo de construção da Base Nacional Comum Curricular (BNC), essa fase não se organiza por áreas do conhecimento e, sim, por campos de experiência: a ludicidade, em primeiro lugar. A brincadeira. E as interações. O desafio de todos que têm trabalhado no texto da Base, na Educação Infantil, é estabelecer uma dinâmica que estimule aspectos físico, afetivo, intelectual e social de toda criança nessa faixa de idade. Tudo isso com a compreensão também dos educadores, como explica a coordenadora da equipe de redação da proposta da Base, professora Hilda Micarello.
"Às vezes, as crianças ficam muitas horas sentadas realizando tarefas repetitivas, confunde-se o incentivo à leitura e escrita com passar exercícios de cópias para as crianças, cópias das letras, cobrir traçados. Então, essas são práticas muito equivocadas, né. Porque elas não respeitam aquilo que as crianças têm de próprio nos seus processos de desenvolvimento nessa idade. Então, a Base busca oferecer elementos pra se desconstruir essas práticas.”
Para uma das assessoras da educação infantil na Base Nacional Comum Curricular, professora Zilma Oliveira, essa faixa etária demanda uma forma diferente de relacionamento com o conhecimento e com o mundo. Nessa segunda versão da Base, que será entregue no mês de abril, ela explica que a educação infantil, no lugar das áreas do conhecimento, vai trabalhar com cinco campos de experiência: eu, tu e o nós – que dá a dimensão para a criança do que é dela, o que é do outro, por exemplo; corpo, gestos e movimentos que passam mensagens e habilidades; a escuta e fala que desenvolve a linguagem oral e escrita; cores, sons, imagens, campo que trabalha com linguagens variadas e, por fim, noções de quantidades, medidas, tempo e espaço. Segundo a professora Zilma, a proposta é garantir experiências que atendam as necessidades das crianças e que respeitem suas peculiaridades.
“Na medida em que hoje predominam algumas ideias de que “não, vai na escolinha só pra brincar”, sendo que o brincar tem várias aprendizagens, ou então fala “eu não quero que meu filho vá numa escolinha de brincar porque eu quero que ele estude. Sem entender que, o que eles chamam de estudo, ou seja, de conhecer mais sobre a natureza, sobre as medidas, também se dá por brincadeiras. Então, a gente espera mudar essas posições equivocadas que a cultura faz sobre a educação dos pequenos.”
E os pequenos, lembra a professora, são valorizados no processo de construção da Base quando se discute a intencionalidade de todos os aprendizados nessa fase inicial, quando eles ainda frequentam as creches.
“A gente está, de uma forma muito delicada, dizendo que bebê aprende. Não é por que bebê não fala que ele não tem um conjunto muito interessante de explorações, de brincadeiras, de olhares pros outros, que isso é um jeito de ele falar com outro, pelo rosto, né. Então, eu acho que isso muda sim, a percepção que o pai tem da escola, a percepção que o pai tem do filho dele, a percepção dos professores. Isso chamando atenção para os bebês. O bebê, a partir do tempo que está conosco, ele está aprendendo não porque nós damos aula, mas porque o conceito de aprendizagem é exatamente essa exploração ativa.”
Nessa etapa da Base Nacional Comum Curricular, as equipes estão fazendo reuniões com associações científicas, trabalhando com os dados que chegam pelo portal oficial da BNC, para que a proposta da educação infantil busque especificar o que está posto nas diretrizes curriculares nacionais.
O áudio está disponível gratuitamente para utilização das rádios
14/03/2016 - Sonora: Marina Fauth