Para um filho, ver o pai sofrer com dores incontroláveis é desolador. Na tentativa de colaborar com a rotina de cuidados vivida pelo pai depois do diagnóstico de uma doença rara, a estudante Giovanna Freitas, de 15 anos, desenvolveu um aplicativo para smartphones e tablets sobre a doença conhecida como miastenia grave.

“Todo mundo aqui em casa ajuda. Tem épocas que ele está bem, tem épocas que ele está mal. No calor, principalmente. É uma doença que enfraquece os músculos, não tem cura. E é uma doença totalmente imprevisível.” 

Ao perceber que a família buscava informações na internet e encontrava pouco conteúdo que pudesse esclarecer sobre a doença, Giovanna seguiu o conselho dos professores e tentou uma bolsa em uma entidade privada, sem fins lucrativos, que dá oportunidade a jovens talentos de baixa renda. Foi lá que teve início o projeto do aplicativo. 

“Eu consegui através da escola. Os professores indicaram a gente, os melhores alunos da sala. Eu fiz o aplicativo sobre a doença do meu pai por que na época ele tava em crise e eu achei legal fazer. Ele começou a seguir os exercícios que tinha lá e aí houve uma melhora e algumas pessoas baixaram (app) e falaram que elas estavam com os mesmos sintomas e elas foram no médico e descobriram que elas estavam com a mesma doença. O objetivo é mais de informação porque ele abre os sites, abre o Facebook, abre o mural, onde as pessoas podem comentar, abre vídeos de exercícios.”

Giovanna passou pelo processo enquanto se preparava para terminar o ensino fundamental na escola Professora Julieta Caldas Ferraz, escola pública de Taboão da Serra, região metropolitana de São Paulo. Hoje, ela cursa o ensino médio e é bolsista em outra instituição. A jovem, que agora está no primeiro ano do ensino médio, já faz projetos para sua formação e sonha em estudar algo na área da tecnologia da informação. 

“Eu queria fazer alguma coisa ligada à computação, ou web designer, ou programação, só que eu ainda não sei qual.”

Na semana em que se comemora o Dia do Estudante, o ministro da Educação, Mendonça Filho, comentou sobre a experiência de Giovanna como aluna bolsista, interessada em promover a informação por meio da tecnologia e recursos de pesquisa.  

“A gente tem o exemplo da Giovanna, estudante da rede pública brasileira, que através da sua criatividade, sua inteligência, dos seus estudos, desenvolveu um aplicativo que, na verdade, atendeu as necessidades de superação de seu próprio pai, que precisava desse tipo de recurso. Pura criatividade da jovem, oriunda da rede pública. Então, quando se tem acesso à educação se transforma vidas e faz com que o Brasil possa ter uma qualidade de vida adequada para o seu povo.”

Se Giovanna de fato seguir os estudos na área de pesquisa e tecnologia, como planeja, poderá contar com os programas do Ministério da Educação que incentivam a permanência dos estudantes em sala de aula. Somente nos últimos meses o MEC liberou mais de R$ 1 bilhão para custeio de pesquisas e bolsas de estudos de diferentes programas que são geridos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (Capes). 

“O MEC vai continuar investindo fortemente no acesso a inovação tecnológica, a pesquisa, e a formação de novos cientistas e professores com pós-graduação, doutorado, pós-doutorado, mestrado. Todos os programas de estímulo à pós-graduação, que são de responsabilidade da Capes, contarão com aumento e preservação dos recursos pra essas áreas. É o nosso propósito, é o nosso objetivo, e dessa maneira a gente vai fazer com que os jovens brasileiros continuem a ter acesso à educação de boa qualidade e uma formação visando o desenvolvimento tecnológico do Brasil.”

 Texto : Josiane Canterle / Narração : Sandra Fontella / Masterização : Wesley Lima/ Vinheta : Luiz Antônio